Prólogo
20.9.08 | Me odeie ou me adore aqui
A espera. Como aquele sentimento tinha o incomodado todos aqueles anos. Mas era naquele dia que ele iria acabar com ela. Iria tomar uma iniciativa, afinal fazia anos que tentava dizer o que sentia, mas sua falta de coragem sempre o impedia.
 Entretanto, o dia chegara e lá estava ele, pronto para dizer tudo, tudo o que devia ter falado há três anos, quando descobriu tal sentimento.
E estava tudo pronto. As velas, a músicas, a mesa. O frango Catupiry estava no forno. Enquanto esperava ansioso, repensava tudo que diria.
De repente alguém bateu a porta.
‘É agora’, pensou consigo mesmo.
Abriu a porta e viu em sua frente a imagem quase celestial vestida sob um vestido vermelho-sangue, que ia até os seus joelhos. O vestido acentuava suas curvas, seus seios e todo o seu corpo. Seus cabelos ruivos que se destacavam sob a pele quase branca estavam presos em um coque.
— Olá – disse ela com sua voz doce e meiga que chegava como música aos ouvidos de Tom.
— Oi, entre, por favor – disse ele querendo ser gentil, porém meio atrapalhado. Não era só por sua beleza, mas pelo o que ele sentia por ela. E isso fazia ficar mais difícil a cada palavra.
Ela se dirigiu até o sofá e lá sentou, Tom sentou-se ao seu lado.
— Eu achei que seria uma festa, você deu a entender... – mas ela foi calada pelo dedo dele em sua boca.
Ela somente viu Tom se aproximar lentamente, e então sentiu os lábios dele contra os seus. Ela correspondeu o beijo. Nunca tinha sentido nada igual. Nunca sentiu algo igual ou sequer parecido com aquilo que sentiu ao beijar Tom. Ela estava confusa. Ela não sabia o que era isso, só sabia que queria mais e mais daquela sensação maravilhosa.
Seus lábios se afastaram e Tom começou a falar meio sem jeito:
— Sabe, eu deveria ter contado tudo o que eu sentia antes para você, mas é muito difícil pra mim. Foram coisas que aconteceram pra mim – ele parou um pouco, parecendo pensar em algo, mas foi interrompido pelos lábios quentes de Emma nos seus, formando um beijo caloroso, sensual que foi-se suavizando-se aos poucos.
— Eu precisei que você tomasse uma iniciativa. Para... Para eu ver o que eu realmente sentia por você. O que pensei que fosse só amizade é algo mais. Acho que quis esconder isso de mim mesma. Algumas vezes quando estava com você eu tinha desejos, de lhe beijar, lhe abraçar, de tê-lo. E agora eu posso. Eu senti algo diferente quando você me beijou. Algo que eu nunca senti antes, e, você tem de saber, que eu quero sentir isso muito, muito mais vezes.
Ela se saiu muito melhor que Tom em se declarar. Afinal ele tinha que pedir ela em namoro antes que ela escapasse entre seus dedos. Ele se lembrou do que tinha acontecido há anos atrás, mas que de forma ou outra ainda o machucava.

 Ele tinha 13 e estava na sétima série. Tinha alguns namoricos, nada muito sério, pois era popular e várias garotas queriam estar com ele.
 E foi quando ele a viu, era uma garota nova na escola, estava em seu primeiro dia de aula. Seu nome era Sophie. Ela foi o que alguns chamam de primeiro amor para Tom.
 Então três semanas depois eles começaram as sair juntos, ela era perfeita em tudo. Ela era tudo que alguém podia imaginar. 
 Eles namoraram por quatro anos. Então, um dia os amigos de Tom começaram a zombar dele por ele ainda não ter feito sexo com ninguém. Chegou a um ponto em que Tom não podia mais agüentar.
 Um dia convidou Sophie para ir a casa dele, seus pais tinham saído e eles estavam a sós. Ele levou as coisas além e aconteceu, em fim ou não. Naquela noite eles dormiram juntos.
Sophie ligou para Tom dizendo que ia viajar com os pais e ele disse que estava tudo bem. Mais ou menos uma hora depois ligaram pra Tom dizendo que o carro em que Sophie estava tinha batido contar uma árvore. E todos os que estavam no carro haviam morrido.
 Como se não bastasse semanas depois quando eles examinaram os corpos descobriram que Sophie estava com alguns dias de gravidez e isso foi a gota d’água para Tom. Ele chorou por semanas e nunca conseguira se recuperar.

Mas hoje tudo aquilo tinha acabado, ele tinha novamente a garota que ele queria. E seria com ela que ele casaria, teria filhos e morreria. Ele tinha conseguido a sua garota e agora estava prestes a pedi-la em casamento.
— Eu te amo – ele disse muito devagar, nem se lembrava da última vez que tinha proferido aquelas três palavras – E eu quero passar o resto dos meus dias com você. Tudo depende de você. Você aceita se casar comigo?
— Eu aceitaria – ela parou um pouco, vendo a cara dela de confusão, tentou explicar – Eu só quero ir com calma, sabe. Temos de começar um namoro e depois de alguns meses noivamos, então daí nós poderemos nos casar. Não fique triste, eu quero sim passar o resto da minha vida com você, só preciso de um tempo para me acostumar.
— Ok, eu entendo, agora eu vejo que eu também posso precisar...
Emma enrugou o nariz, como se estivesse sentindo algum cheiro. Tom tentou sentir o tal cheiro, mas o máximo que conseguia sentir era o cheiro do incenso, que o deixava enjoado.
— Que cheiro é esse? – perguntou Emma
Tom se levantou e agora podia sentir claramente o cheiro de queimado que vinha da cozinha. Pensou um pouco e percebeu que era o frango Catupiry que estava queimando.
— É o frango – disse Tom correndo para a cozinha.
Ela o seguiu, porém parou no batente da porta, apreciando-o, vendo que ela era dela agora. Ah! Como ela o queria.

“Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim”

— Bom, acho que teremos que pedir uma pizza... – disse ele mostrando o que alguma vez fora um frango Catupiry.
— Não, não precisa – ela estava começando o que ela queria – Hoje o jantar vai ser você...
Emma deu um sorriso maldoso ao ver que ele estava ficando vermelho. Foi até ele, puxando-o pela gola da camisa até a sala. Sentou ele no sofá e sentou-se sobre ele, dando-lhe um beijo caloroso.
Ela estava com pressa por aquilo. Começou a abrir os botões da camisa dele. Ela acariciava o que agora era seu, seu e de mais ninguém. Como ela queria aquilo, para agora e para a eternidade, mas ela pensou que ele seria mais interessante em um quarto.
Tom estava sem camisa e Emma lhe acariciava o peito nu, ele também a queria, como queria. Afinal, ele esperava por esse momento fazia três anos. Começou a abrir o seu vestido, mas sentiu a mão dela sobre a dele e parou. Seus lábios se desenroscaram e eles se olharam ofegantes, com os lábios inchados.
— Só no quarto.

Ela saiu de cima dele e se dirigiu ao quarto. 
Tom apagou a luz e foi até ela.

“Ah! Se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito muito que te quero
E como é sincero o meu amor eu
sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar a essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então

Serei feliz, bem feliz.”

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P.S.: Prévia de antigo projeto, apreciem!



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"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice L.

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